terça-feira, 21 de julho de 2020

Arte em vídeo

A influência da tecnologia está presente em toda a história da arte. Novas descobertas e invenções muitas vezes são usadas e mesmo criadas pelos artistas, o que acaba alterando os rumos das produções artísticas, como os da criação de imagens.

Estrada eletrônica: Estados Unidos Continental, Alasca, Havaí (1995), da Nam June Paik.
Observe a imagem acima e responda:

1 - Esta é uma obra de videoarte de Nam June Paik. De quais objetos ela é feita? 
2 - Como estão organizados no espaço?
3 - Esses objetos estão presentes em sua vida? Como?
4 - Eles exercem alguma influência em sua vida cotidiana?

Até o início do século 19, a única forma de se criar imagens era por meio de desenhos, pinturas, gravuras e esculturas. Na década de 1830 foi inventada a fotografia, o que revolucionou a forma de as pessoas perceberem as imagens e conhecerem o mundo. No fim do mesmo século surgiu o cinema, que colocou as imagens fotográficas em movimento, em uma nova revolução da forma de ver e reproduzir as coisas visíveis. Ao longo do século 20, novos avanços tecnológicos permitiram que as imagens em movimento entrassem  na casa das pessoas, por meio da televisão. Equipamentos portáteis de gravação de vídeo foram aos poucos se tornando populares. Atualmente, a maioria dos celulares grava vídeos, e as pessoas não só podem vê-los, mas também compartilhá-los por meio da internet.

A videoarte

Até a década de 1960 as imagens em vídeo estavam presentes basicamente na televisão. Com a popularização de câmeras de vídeo portáteis, alguns artistas passaram a utilizar o audiovisual para criar suas propostas. Desse modo, subvertiam o meio e o seu uso mais frequente na televisão, dando origem à videoarte, um novo termo para designar essa recém-criada possibilidade artística.
Na imagem anterior, você viu uma obra de videoarte do artista sul-coreano Nam June Paik (1932-2006), considerado um dos pioneiros da videoarte no mundo.

Agora observe o vídeo abaixo:

Videoarte Preparação 1 (1975), de Letícia Parente. Portapak 1/2 polegada, 3 min 30 s.

5 - O que acontece neste vídeo?
6 - Que ação a pessoa está realizando?
7 - O que há de diferente nesta ação?
8 - Que sentidos você atribui a ela?

O vídeo mostra a obra de videoarte Preparação I, da artista baiana Letícia Parente (1930-1991), realizada em 1975. Nele, a artista fica diante de um espelho de banheiro e começa a se "maquiar", mas de forma diferente da habitual. Cobre a boca com um esparadrapo e desenha sobre ele uma boca, com batom. Faz o mesmo com os olhos, desenhando, sobre cada um deles, um olho aberto. Arruma o cabelo e sai.
Letícia Parente foi uma das primeiras artistas brasileiras a experimentar o vídeo para fazer suas obras, na época em que a tecnologia das câmeras filmadoras portáteis chegava ao Brasil, nos anos 1970.
Letícia Parente não era só videoartista. Ela produziu obras com vários meios e materiais. Em muitos de seus vídeos, a artista aborda o ambiente doméstico e as ações do cotidiano feminino, em críticas relacionadas às condições da mulher na sociedade. O ano em que a obra foi feita, 1975, pode também levar à reflexão sobre o contexto histórico do período, da ditadura militar, que foi de repressão política e ausência de liberdade, e provocar uma outra leitura sobre a ideia de se criar uma máscara social, não enxergar e não se expressar.
Assim como Letícia Parente, muitos artistas que começaram a usar o vídeo nessa época não eram profissionais da área, e sim artistas visuais que estavam experimentando fazer arte com novas tecnologias. O uso que faziam do equipamento, por vezes, era muito simples, sem utilizar as regras do cinema para a construção de filmes ou do vídeo para  televisão.
Preparação I é um vídeo em que a câmera filma a ação da artista do começo ao fim, com variações de enquadramentos. A câmera filma em alguns momentos mais de longe, mostrando suas costas e seu reflexo no espelho, e em outros mais de perto, mostrando somente o reflexo.

O enquadramento é um dos princípios da captação de imagens, seja fotografia, cinema ou vídeo. Enquadrar significa fazer um recorte do que se está vendo. É escolher o que vai entrar na imagem e o que vai ficar fora.
Os trechos de filmes que se sucedem são chamados de planos, em que a câmera pode estar parada ou em movimento. O tipo de filmagem sem cortes é chamado de plano-sequência, pois é uma única sequência de filmagem.
O trabalho de separar pedaços de uma filmagem e depois juntá-los em sequência, para gerar o resultado final, é chamado de edição.

COLOCANDO EM PRÁTICA

Agora você fará um exercício de desenhar o que vê com base em diferentes enquadramentos.

Materiais:
- 3 folhas de papel avulsas
- tesoura
- régua
- caderno de desenho
- lápis

Etapas:

1- Desenhe, exatamente no centro de uma folha de sulfite, um quadrado de 2 cm X 2 cm.
2- Em outra folha, desenhe um retângulo de 5 cm X 10 cm.
3- Por último, na terceira, um retângulo maior, de 10 cm X 20 cm.
4- Dobre as folhas ao meio e recorte o quadrado e os retângulos desenhados no centro. Você terá três molduras de papel.
5- Agora, observe bem ao seu redor, escolha um ponto e olhe-o pelo quadrado da primeira moldura, de 2 cm X 2 cm. Desenhe o que você vê ao olhar por ele no caderno. Tome cuidado de, ao desenhar, manter alguma distância entre a moldura e o seu olhar, sempre a mesma. Repare que você "recortou" o seu campo de visão e só vê o que está dentro do quadrado.
6- Pegue agora a segunda moldura, de 5 cm X 10 cm. Volte a olhar para o mesmo ponto que anteriormente, da mesma distância de seu rosto. Note que agora "entram" mais coisas em seu enquadramento. Faça outro desenho do que você vê pela moldura.
7- Pegue a última moldura, de 10 cm X 20 cm. Repita o procedimento, fazendo um novo desenho do que você vê pela moldura, a partir do mesmo ponto.
8- Por último, observe seus desenhos e a cena original e responda:
a) O que muda de um desenho para o outro?
b) Os "recortes" alteram o que cada imagem mostra?
c) Isso altera o que você entende de cada imagem?
d) É possível identificar todas elas?




FONTES:
BOZANNO, Hugo Luis Barbosa. Janelas da arte: 8º ano/ Hugo Luis Barbosa Bozzano, Perla Frenda, Tatiane Gusmao. - 2. ed. - Barueri [SP]: IBEP, 2018.

(EF69AR35) Identificar e manipular diferentes tecnologias e recursos digitais para acessar, apreciar, produzir, registrar e compartilhar práticas e repertórios artísticos, de modo reflexivo, ético e responsável.

Um comentário:

Obrigada pelo comentário, responderei assim que possivel.